Católicas defendem vida, aborto, preservativos e homossexualidade

Católicas defendem vida, aborto, preservativos e homossexualidade

Elas são católicas mas feministas. Como tal, o tema aborto é visto como um “direito de decisão autônoma sobre o próprio corpo”. A defesa da vida, segundo a entidade religiosa “Católicas pelo Direito de Decidir”, tema da nova Campanha da Fraternidade aberta pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), é também não jogar com a vida das pessoas.

Como os bispos, essas mulheres reunidas desde 1994 afirmam ser contra qualquer forma de injustiça social, violência, opressão e exploração. No entanto, elas consideram contraditórios em relação ao tema vida os argumentos da campanha contra o aborto, o uso de métodos contraceptivos, a eutanásia e até mesmo o direito da livre expressão sexual. A CNBB estaria revelando em tema tão importante todo o seu preconceito e intolerância.

No “Manifesto sobre a Campanha da Fraternidade 2008. Considerações de Católicas sobre a Defesa da Vida”, o grupo afirma concordar com o Evangelho de Jo quando diz “Eu vim para que todos tenham vida, e vida em abundância” e lançam dez indagações à Igreja a qual pertencem, todas introduzidas com “Pode-se afirmar a defesa da vida...”.

“Pode-se afirmar a defesa da vida e ignorar milhões de pessoas que morrem, no mundo todo, vítimas de doenças evitáveis, como a aids? Seguir condenando o uso de preservativos que salvariam tantas vidas, numa brutal indiferenças a tanto dor?”;

“Pode-se afirmar a defesa da vida e condenar as pesquisas com células-tronco embrionárias, que podem trazer alento e perspectiva de vida digna para milhares de pessoas com deficiências?”;

“Pode-se afirmar a defesa da vida e eliminar a beleza da diversidade humana, com atitudes e discursos intolerantes em relação a expressões livres da sexualidade humana, condenando o relacionamento amoroso entre pessoas do mesmo sexo?”;

“Pode-se afirmar a defesa da vida e desrespeitar o princípio fundamental à realização de uma vida digna, que é o direito de decisão autônoma sobre o próprio corpo? Condenar as mulheres a levar adiante até mesmo uma gravidez resultante do estupro, e não interromper uma gravidez que coloca a vida delas em risco, ou cujo feto não terá nenhuma condição de sobreviver?”.

Elas ainda indagam sobre o impedimento da vocação sacerdotal às mulheres, “relegando-as a uma situação de inferioridade em relação aos homens da hierarquia católica”, e sobre o cerceamento do livre exercício do pensamento, “impedindo a expressão da diversidade existente no interior da Igreja”.

As “Católicas pelo Direito de Decidir – Brasil” têm uma equipe permanente formada por sete mulheres que assumem a responsabilidade dos seus objetivos, entre eles, o de “influenciar a sociedade para que reconheça o direito que tem as mulheres a uma maternidade livre e voluntária, com o objetivo de diminuir a incidência do aborto e a mortalidade materna”.

A coordenadora-geral é Maria José Rosaldo Nunes, doutora em Sociologia, professora no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião da Pontífice Universidade Católica (PUC) de São Paulo e pesquisadora do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

No site o grupo se apresenta como uma entidade feminista, de caráter inter-religioso, articulado com mulheres católicas progressistas da América Latina, Estados Unidos e Espanha. Essas mulheres estariam lutando “pela igualdade nas relações de gênero e pela cidadania das mulheres, tanto na sociedade quanto no interior da Igreja Católica e de outras igrejas e religiões”.

Fonte: http://www.acessepiaui.com.br/brasilia2.php?id=86116

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