Canção à Humanidade, 2ª Vértebra
II Vértebra
Hoje a noite é longa e fria...
Dizem que em noites frias e longas
Muitas pessoas morrem de frio
Eu,
Prefiro lembrar que nesse momento
Novas crianças dão seu primeiro grito de independência ao mundo
Que nesse frio,
Pessoas se juntam umas às outras ao redor de fogueiras
Ou embaixo de cobertas
Para compartilharem o calor mútuo
A mim é impossível admitir que o frio por si só mate alguém
Não há perversidade na natureza
Se existem os que morrem no frio
É menos pela crueza do inverno
E sim pela morte do abandono...
Nada mais triste que morrer de abandono
É quando a alma já não suporta o exílio de outras almas
E, num ato desesperado, abandona as fronteiras do corpo
À procura de refúgio na alma do mundo
Vêm ficar comigo esta noite!
Cobrirei seus pés gelados
Com a ternura do meu hálito
Enquanto conforto o seu sono com as fantásticas histórias
De você que deixou pelo caminho quando esqueceu
Sua importância
Das suas feridas do corpo e da alma
Cuidarei com especial cuidado
Dando pontos bem feitos pra que as cicatrizes só sejam retratos
Lembrando que ante todas dificuldades, você venceu
Confesso que ao ver-te pela primeira vez
Tive medo,
O seu ódio e a sua dor eram tamanhos
Que pensei em atravessar pro outro lado da rua
Mas viver evitando a vida é apenas sobreviver
Acontecer pela metade
E se estávamos lá, na mesma calçada
É porque algo incrível precisava acontecer
Enchendo o peito de coragem
Apertei o passo decidido
E fui até o menino (a) escondido(a) nos seu olhos
E lá estava você
Indefeso(a),
Tão cheio(a) de medos e reservas quanto eu...
Lembrei dos dias difíceis em que tudo parecia perdido
E tudo o que queria era um abraço bem forte e aceitação
Os meus olhos se encheram d’água e sorri pra você
E, sem dizer qualquer palavra,
Você veio à mim, deitou a cabeça pesada no meu ombro
E deixou escorrer pra fora
A cruz que carregava às costas
Nunca havíamos nos visto
Mas nossas almas enfim haviam se encontrado
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E, num ato desesperado, abandona as fronteiras do corpo
À procura de refúgio na alma do mundo..."
gostei muito deste trecho, profundo e verdadeiro :)
vilma