Canção à Humanidade - 1ª Vértebra
Queridos amigos,
Começarei a postar, conforme prometido, cada umadas 33 vértebras do poema épico "Canção á Humanidade" do livro Canções de Amor à você" lançado em 2003.
Aqueles que possuem um exemplar notarão algumas diferenças, vez que o poema foi todo revisado.
Espero que gostem e, com vcs, a 1ª Vértebra
I Vértebra
Era sexta-feira, fim de tarde
Após um árduo dia de labuta,
Deus contemplava o ocaso
E toda a maravilha que havia criado
Sentado ao pé de uma mangueira.
Apesar de tanto trabalho,
Estava extasiado com sua criação.
Com dedos de pára-brisa limpou o suor da testa
Respingando as gotas de seu labor sobre a terra
Que as sorveu com o mesmo apetite-criança
Com que Deus colheu e chupou uma manga
Enquanto sob a sombra de sexta(e não sábado) descansa
(Porque Deus não criou a vida pra fazer hora-extra)
Pode se entregar ao que mais gostava:
Sentir a vida acontecendo!
As cachoeiras rufavam,
As sonolentas ondas no mar roncavam,
E acordavam num rompante, feito pesadelo
na beira da praia. Xuuáááá
A brisa, filha amorosa, fazia carícias no seu rosto,
Enquanto o vento, metido à poeta, cantava versos nas suas orelhas
Ao seu lado as flores inspiravam amores
E lhe ofereciam o perfume mais doce
Os animais, cada qual do seu jeito,
Faziam a corte, brincavam, corriam,
Tudo era belo, justo e perfeito
Tudo formando a mesma coisa, tudo um ato de amor
Pois é com amor que se cria
E a felicidade tornou-se seu coração.
Voltando à Si,
(É, Deus permiti-se devaneios, só os homens que abandonam o sonho para fingirem-se sérios )
Da manga só sobrara o caroço, os dedos, boca lambuzados
E um danado dum fiapo no vão de seus dentes...
Tentou tirá-lo à unha, mas unhas compridas era privilégio do vaidoso diabo,
das feras e das mulheres (daí talvez o parentesco inventado)
De modo que quanto mais tentava, mais o fiapo enroscava...
Procurou então um graveto ou coisa pontuda que o ajudasse à livrar-se do incômodo fiapo
E eis que percebe assustado,
A Terra em trabalho de parto
- Fecundada estava pelo suor escorrido do seu rosto -
Parto difícil
A terra se contorcia, mas nada acontecia
À mistura de terra e suor ainda faltava uma liga
Então Deus, transbordou sobre a mistura, seu coração
E daquele amor, misturado à argila
Nasceu um bicho esquisito
8 patas, duas cabeças (e que cabeções ele tinha!)
E eis que, para nosso espanto, o bichinho esquisito dividiu-se em dois!
Numa primeira olhadela, eram por demais parecidos
Mas olhando de perto, um tinha uma chave e o outro a fechadura
E Deus entendeu que era para que voltassem à se juntar
Assim como Deus é um só com tudo no Universo
Um era a argila e o outro, o suor
E, assim como foram concebidos,
Só com Amor poderiam de novo se juntar
Eles então abriram os olhos
Eram duas brilhantes esferas
E neles Deus pode se ver no espelho
(Franklin Maciel)
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