A Rosa que deixou o amor secar
A Rosa que deixou o amor secar
É o amor do jardineiro que distingue uma rosa e a torna única entre tantas rosas lindas e perfumadas que se espalham pelo mundo;
Mas, a rosa ao descobrir-se amada pelo jardineiro tornou-se presunçosa, retribuia o amor que ele lhe dava com espinhos, negava-lhe o perfume, qualquer forma de carinho, chegou a proibí-lo de olhar para ela, alegando que ele lhe faltava com o respeito.
E o jardineiro apaixonado, ficou triste de dar pena mas, mesmo assim, não houve um só dia que não a cercasse de carinhos e cuidados. E tudo fazia de olhos vendados, o que tornava por demais oneroso o trabalho vez que nada enxergava, afim de respeitar o seu injusto pedido.
Ao fim do dia, cansado, o jardineiro se sentava num velho tronco de carvalho e ali ficava refletindo até cair a noitinha: - O que teria feito de errado? Por que ela o rejeita tanto, por que é o seu amor tão desprezado?
E perdido em pensamentos, ali mesmo caia no sono e mal percebia que o canteiro inteiro das rosas mais lindas, suspirava por ele.
E assim foi por muito tempo... A cada dia, mais e mais amor ele lhe dava e a rosa à tudo lhe negligenciava.
Muitas vezes questionou-se se ela ainda existia, já não havia perfume no ar, ela nada dizia, nem um sinal nem gesto manifestava, embora por dentro ela quisesse acabar com esse jogo inútil e entregar-se inteira ao amor do jardineiro.
O que a rosa não sabia, é que de tanto camuflar suas características para que o jardineiro não pudesse desfrutar nenhuma delas, é que ela de fato as perdia. Seu perfume, de tão reprimido, foi diminuindo, diminuindo e praticamente desapareceu. O mesmo aconteceu com as cores vivas e a maciez de suas pétalas; de tanto esforçar-se pra que seus espinhos fossem cada vez mais pontiagudos, esqueceu delas, e de vermelhas ficaram ásperas e amarelas. Em suma, apesar de ser a mesma, já não era a mesma Rosa.
Foi então que uma outra rosa que morava no galho ao lado e que era perdidamente apaixonada pelo jardineiro, inconformada com seu estado, resolveu contar-lhe uma mentira e disse-lhe, que, infelizmente, a rosa que ele tanto amava havia morrido, que nada mais restava dela.
O jardineiro relutava em acreditar. Embora há muito não a visse pois, em respeito ao seu pedido, a cuidava sem olhar, ele a visitava todo dia na memória e ali era ela tão linda, viçosa e perfumada, pois ele, sem saber a havia plantado em seu mais íntimo coração e, tudo que é plantado no coração nunca morre, nunca envelhece e cada dia que passa vai ficando mais belo.
Por fim, o jardineiro, mesmo contra seus príncipios, quebrou sua promessa e foi olhar nos olhos dela para ver se era verdade que ela, a linda rosa que amava, realmente tinha partido pra sempre.
Qual não foi sua tristeza, ao chegar até a rosa e, em vez da bela e perfumada rosa vermelha, encontrar uma rosa amarela, sem perfume e coberta de espinhos em seu lugar
Não pode ser, não pode ser! Dizia ele, o que aconteceu com a minha rosa? O que faz essa outra rosa em seu lugar?
E a rosa, sem dar por si da sua radical mudança, começou a lhe insultar, questionando-lhe sobre quem era ele para ter a petulância de lhe olhar sem ter permissão.
E quem pensa que é para tão mal me tratar? Respondeu o jardineiro - Olha bem para você e veja que, ainda que seja uma rosa, não passa de uma rosa vulgar!
E a rosa, ao olhar para si caiu em profunda melancolia. Viu que da linda rosa que fora, pouco restara, empregara toda a sua beleza e o amor que recebera para ferir o jardineiro durante todo aquele tempo.
Mas eu sou a rosa que você tanto ama!
Não, você infelizmente não é! Onde está o seu perfume, e suas pétalas macias?Cadê a sua delicadeza? Não infelizmente, por mais que eu desejasse você não é a minha rosa, minha rosa entre todas as rosas do mundo é única porque carrega o meu amor. Você é uma rosa, isso não posso negar e, por ser rosa, deve ter seus encantos, mas pra mim, ainda assim, é uma rosa comum como tantas outras.
E sem mais, o jardineiro foi embora sem se despedir contendo as lágrimas pois sabia que se deixasse a primeira cair, elas nunca mais iriam parar.
A rosa quis correr atrás dele, mas estava plantada a liberdade que tanto ambicionara e pela qual sacrificara o amor e, por fim admitiu o profundo amor que também sentia por ele, mas era agora tarde demais.
A rosa que era vermelha e ficou amarela, agora se destaca em meio à todas por ser a única amarela em todo o enorme canteiro de rosas.
Solitária em meio à tantas rosas vermelhas, sem um jardineiro para amar, dizem que todo dia quando acorda inventa uma falsa alegria, - Carpe Diem!!! A sua maneira de esperar pelo amor que não mais vai voltar
(Franklin Maciel)
Parte integrante do Livro "O Encantador de Histórias" de Franklin Maciel
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