Penélope - arquétipo da esposa ideal
PENÉLOPE
Para os mitólogos, em geral, "Penélope (ganso selvagem), filha da ninfa Peribéia e de Icário, irmão de Tíndaro, rei de Esparta, foi, por sua beleza, pedida em casamento por muitos príncipes da Grécia e, para evitar discórdia, seu pai instituiu jogos a fim de que o vencedor pudesse desposá-la. Ulisses, pelos ardis, pela habilidade e pela força, foi o vencedor”.
Esposa de Ulisses e mãe de Telêmaco, ela ganhou fama como modelo de virtudes domésticas. Conta a lenda que durante a ausência do marido, Penélope foi pedida em casamento por diversos pretendentes, prometendo escolher um deles logo que concluísse a peça de bordado que estava tecendo. Acontece que todas as noites ela desfazia o trabalho realizado durante o dia, adiando dessa maneira, indefinidamente, a decisão que os candidatos à sua mão aguardavam ansiosos. E se assim procedia era porque, quando seu esposo partiu para a guerra de Tróia, confiou-lhe a guarda do reino da Ítaca, pedindo-lhe que caso não retornasse, ela não se casasse enquanto Telêmaco fosse jovem.
Uma das versões a respeito dessa lenda revela que a longa ausência de Ulisses (ou Odisseu) encorajou grande número de pretendentes que assediavam Penélope, mas durante três anos ela conseguiu se esquivar utilizando o ardil já mencionado. Porém, os pretendentes descobriram o que ela fazia, ficaram furiosos e se instalaram no palácio real, passando a maltratá-la e ao filho, e a dilapidar os bens do casal. Embora contrário ao novo casamento da mãe, Telêmaco desejava pôr termo ao assédio dos candidatos, e por isso a pressionava para escolher um marido. Nesse meio tempo Ulisses retornara disfarçado em mendigo, e quando Penélope lhe pediu um conselho, supondo-o estrangeiro, Ulisses aconselhou-a a estabelecer uma disputa de arco e flecha entre os candidatos, só desposando aquele que utilizando a arma de seu marido, conseguisse atingir doze orifícios feitos nos cabos de doze machados. Nenhum deles realizou a façanha, mas Ulisses, se apresentando ainda como mendigo, cumpriu a condição, e identificando-se depois, matou os pretendentes.
Uma outra explicação altera alguns detalhes dessa narrativa mitológica, atribuindo ao pai a insistente sugestão de que sua filha se casasse novamente. Para não magoá-lo, ela se valeu do recurso de alegar que somente o faria após terminar uma colcha que estava bordando, e permaneceu nesse faz e desfaz até o dia em que o seu embuste foi descoberto e denunciado por uma escrava, quando, então, não lhe restou outro recurso senão aceitar a imposição paterna impondo, porém, que somente consentiria em casar-se com quem conseguindo disparar uma flecha com o pesado arco do seu marido, acertasse o alvo escolhido. Ninguém foi capaz de fazê-lo, até o dia em que um mendigo realizou a façanha: na mesma hora Penélope reconheceu seu amado marido Ulisses.
Embora mencionada como grande exemplo de fidelidade conjugal, uma tradição obscura atribui-lhe a maternidade de Pã, nascido de sua união com Hermes ou com um dos os seus pretendentes. Segundo uma versão, Ulisses foi morto por Telégono, filho que tivera com Circe. Depois, Penélope esposou o assassino de seu marido e em companhia de Telêmaco, foi para a ilha de Circe, onde seu filho ter-se-ia casado com a maga. Tempos depois os quatro teriam partido para a ilha dos Bem-Aventurados, que a mitologia grega descreve vagamente como o local situado no extremo oeste do rio Oceanos, para onde os deuses enviavam seus escolhidos, após a morte terrena, a fim de que eles desfrutassem de uma nova vida, perfeita e agradável. Na época clássica falava-se do Elísion (Campos Elíseos), um prado aprazível e de grande beleza situado igualmente na margem ocidental do Rio Oceanos, mas em versões tardias das lendas, situava-se o Elision no Hades, o mundo subterrâneo dos mortos. Aparentemente, é essa a origem do conceito de "Céu" dos cristãos e muçulmanos
Entretanto, outros relatos sugerem que Penélope, depois da morte de Ulisses, foi residir em Esparta, terminando seus dias em Mantinéia, na região da Arcádia, sul da Grécia.
FERNANDO KITZINGER DANNEMANN
Fonte:http://recantodasletras.uol.com.br/resenhas/304217
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