Drogas, um problema com solução e pouca vontade


Drogas, um problema com solução
*Josias Franklin Maciel

No 1º dia útil deste ano, tornamos público através da imprensa o qual foi entregue ao sr. prefeito e demais autoridades municipais, um relatório minucioso, fruto de 3 anos de pesquisas, práticas, debates, envolvendo cerca de cem mil pessoas de toda a população sobre a situação do uso de drogas no município, apontando problemas e principalmente soluções adequadas à cada realidade, de modo à reduzir o preocupante problema de consumo de drogas lícitas e ilícitas no município. Animados com o destaque dado pela 1ª vez sobre o tema durante as eleições, imaginávamos esperançosos de que finalmente, este problema que, no caso de São José dos Campos, atinge direta ou indiretamente cerca de 1/3 da população, receberia a devida atenção e investimentos, entretanto, o ano já vai chegando ao fim e nada de concreto tem sido feito, dando-nos a impressão de que o tema drogas mais uma vez foi utilizado durante a campanha mais com o intuito de angariar votos e simpatias do que necessariamente para um enfrentamento real e permanente por toda a sociedade.

As ações até então desenvolvidas pelo Comad (Conselho Municipal Antidrogas) foram suspensas sem que fossem devidamente substituídas por outras, deixando a cidade sem qualquer política oficial de prevenção ao uso indevido de drogas. O próprio Comad atuante, promotor de políticas públicas, reconhecido nacionalmente pela excelência do trabalho de outrora, segundo relatos de diversos atuais conselheiros, vem tendo seu espaço de atuação esvaziado consideravelmente, tornando-se um orgão burocrático, homologatório e subserviente às decisões verticalizadas do poder público municipal, contrariando a própria função de ser dos conselhos, que é a de ampliar de forma independente, a participação de toda a sociedade nas questões públicas.

A situação apontada em nossas pesquisas que, só entre o público adolescente ouviu quase oito mil jovens é crítica e urgente e sua solução demanda engajamento da sociedade como um todo e não apenas de pequenos setores privilegiados.

Política de prevenção ao uso indevido de drogas é algo sério e constante, demanda articulação de diversos setores e ações coordenadas, muito além da distribuição de livretos para colorir nas escolas ou centros de tratamentos à serem inaugurados às vésperas de eleições, necessita de ações permanentes e eficazes cujo alcance vá além de peças de marketing e retórica.

No final deste ano, pretendemos tornar públicos dados ainda mais contundentes sobre o impacto do ambiente escolar e do sistema educacional adotado pelas escolas do município na exposição à violência e ao consumo de drogas por adolescentes desta cidade.

Esperamos com isso contribuir ainda mais para que está cidade tenha de fato uma política municipal sobre drogas atuante, democrática, ouvindo todos os pares da sociedade, enfrentando os problemas de frente, gerando soluções, ao invés de peças de palanque. O problema é grave e urgente, as famílias que vivem este drama diário precisam de respostas agora, não para amanhã ou para a próxima campanha eleitoral.

Que São José tenha uma política sobre drogas séria, que trate seus cidadãos como pessoas e não como números e estatísticas.

Josias Franklin Maciel
Cientista Social
Ex-presidente Comad (Conselho Municipal Antidrogas)

Comentários

Rosicleide David disse…
Isto é a sua poesia!
Sem rimas, nem construções metódicas com o intuito de trazer uma beleza que se quer e não se vê.
É a realidade que bate à nossa porta.