O Ladrão que roubou a Felicidade (R.A.F.A.R)
*Franklin Maciel
Todas as noites, um ladrão entrava furtivo em nossa casa e levava um pedacinho de felicidade.
No início não nos importávamos, a felicidade era tanta e farta que pensávamos que pouquinho a mais ou a menos não faria falta.
Mas o ladrão era insistente, arrojado e metódico e sempre que bobeávamos, lá se ia embora mais um pouquinho da nossa felicidade.
E assim, noite após noite, de pouco em pouco, o ladrão foi levando embora toda a nossa felicidade, até que um dia, um mero grão de insatisfação, acabou de vez com nossa felicidade.
Sem mais felicidade, nosso lar foi ficando triste, vazio e frio.
Logo deixou de ser lar, virou casa, uma casa sem vida, quase assombrada.
A mágoa foi ocupando os espaços antes ocupados com fartura de felicidade e assim acabou sufocando o amor que fugiu chorando pela portas dos fundos sem se despedir.
Desesperado e sozinho, sai em busca do ladrão e da felicidade que nos fora roubada.
Procurei por todo canto, por toda cidade, revirei o mundo e NADA!
Desolado, voltei para a casa, uma casa que foi tão feliz e agora era nada, e despejei-me no sofá da sala esperando a morte chegar.
Foi quando ouvi um barulho lá no quartinho dos fundos e de sobressalto pus-me de pé e resolvi verificar.
Coração na boca, fui pé ante pé até a porta do quarto pois não podia de forma alguma deixar esse ladrão escapar.
Abri com cuidado a porta afim de surpreender o ladrão e qual não foi minha surpresa ao descobrir que o ladrão que tanto procurara era em verdade EU mesmo.
Lá naquele quarto, tantas juras de amor que ficaram somente na intenção, tantos carinhos guardados, beijos, abraços, sorrisos, congratulações, apoios, estímulos, elogios sinceros, momentos à dois, pedidos de perdão, flores, muitas flores, coração.
Naquele quarto lá estava toda a felicidade que guardou em si sem compartilhar e assim, sem nunca dividir o que sentia o ladrão viu a felicidade escorrer por entre os dedos e o amor ir embora da sua vida.
Franklin Maciel
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