Tributo à Rosa
Tributo à Rosa
Era uma vez um jardineiro que com muito labor construiu um jardim para uma flor.
Trouxe para o jardim tudo que havia de belo afim de que a flor se sentisse amada.
Sua dedicação e zelo eram tantos que este jardim foi se tornando um reino, um reino de amor, onde a flor era a rainha coroada.
Todos os súditos deste reino-jardim viviam em estado de graça, pois lá sempre era primavera, unidos pela justiça de uma terra onde todos eram iguais e pelo amor de um jardineiro soberano que a vida dedicava para manter a harmonia deste belo reino-jardim que construiu em amor à sua flor.
As tarefas se multiplicavam, mas o jardineiro, fiel aos seus princípios, quis fazer daquele jardim um lar à todos que acreditam no amor e saiu semeando a boa nova pela terra.
À medida que a notícia se espalhava também a inveja, a cobiça, a intolerância e outras larvas foram do jardim se aproximando sem que o coração do jardineiro desse por isso.
Lagartas preguiçosas e mal-amadas, cuja descrença no amor as impediu de virarem borboletas, não aceitavam que tal reino pudesse de fato existir, e puseram-se à de todas as formas, tentar tal reino-jardim sucumbir.
Semeando discórdia, dúvida e ervas daninhas pelo jardim, as lagartas mantiveram o jardineiro ocupado enquanto fartavam seus egos e estômagos com as mais belas flores, mas mesmo assim, o intrépido jardineiro não desanimava e uma a uma arrancava as ervas daninhas que corrompiam a harmonia do jardim por mais que essas se multiplicassem.
Foi então que as pérfidas lagartas resolveram atacar a Flor rainha cobrindo de dúvidas seu coração.
Disseram-lhe que o jardineiro já não lhe dava atenção, tão ocupado com seu reino, que amava outras flores e que em seu coração, já não havia espaço para sua rainha, esquecida em suas ambições de poder.
A Rainha, insegura flor, pouco a pouco foi se deixando envolver pelo ardil das lagartas e começou a repelir todos os gestos de amor do jardineiro. O jardineiro magoado, sem saber o que fazer, farto das injustas cobranças da flor rainha, acabou sendo rude com ela, como haviam maquiavelicamente profetizado as lagartas, de modo que, quando o jardineiro saiu para o trabalho, cada dia mais exaustivo em função da multiplicação do mal e veneno pelo jardim, quando voltou encontrou cercando a flor um gigantesco muro de eras que lhe impediu o acesso à sua amada flor.
De todas as formas o jardineiro tentou chegar à flor, mas a cada tentativa sua, de mais ódio o coração da flor enchia, vendo horror onde havia beleza, pois sua alma estava corrompida.
O jardineiro então, como último ato, entoou uma canção e dedicou à flor seu mais belo jardim.
Lá estavam todas as flores, todo amor, toda ternura e atenção que a flor sempre cobrou, mas já não adiantava, a flor viu no ato de amor provocação e baniu pra sempre seu antigo senhor.
O jardineiro então percebeu que tudo estava perdido, que aquela flor nunca mais seria a flor que amou, que aquela havia morrido em seus sonhos e a que ocupava seu lugar era só descanso de lagartas.
Resolveu então abandonar o reino que com tanto amor criou e saiu pelo mundo afora.
Cabisbaixo pela estrada, olhos voltados pro chão, o jardineiro quase desistira de seu sonho de criar uma terra de amor, onde homens, mulheres e flores pudessem viver um mundo de paz, harmonia e justiça, quando, quase que por milagre, ouviu a bela canção de um passarinho.
Trazia tanto amor e ternura em sua canção tal passarinho, que o coração enrijecido do pobre jardineiro, de esperança se renovou e quanto mais cantava o belo e jovem pássaro, mais vigoroso ficava o jardineiro.
O passarinho então pousou com seu biquinho na língua do jardineiro uma frágil e singela semente.
O jardineiro com todo o cuidado do mundo, plantou na beira da estrada a sementinha que se tornou uma radiante e bela rosa vermelha.
Foi então que o jardineiro percebeu através da Rosa e do amor do passarinho que seu jardim perfeito será o mundo inteiro e com o amor deste passarinho e dessa rosa, nunca mais estará sozinho.
O jardineiro fechou os olhos e virou um beija-flor.
Franklin Maciel
Comentários
Ainda carrego em meus escritos esses questionamentos e indignações que vi neste blog.
Somente a espiritualidade e a práxis(parecem inconciliáveis)vão fazer deste mundo um lugar mais habitável.
Vi que vc. é do Vale do Paraíba. Conhece, por acaso, a poetisa Valéria Tarelho?
Grande cyberamiga e poetisa moderna e antenada.
Volte sempre que quiser.
Abração.
Ricardo Mainieri
Importa mesmo é que exista jardineiros que não desistam.
Linda fábula e bela metáfora.
Gostei muito do teu blog
Abrç conterrâneo
Rossana
sim, rosas são têm espinhos... é necessário ter cuidado para lidar com elas!
um grande abraço.
sim, rosas são têm espinhos... é necessário ter cuidado para lidar com elas!
um grande abraço.
deveria ser lido para as crianças
nas escolas; daria um bom livro infantil; já pensou nisso?
Para plantar, temos que escolher boas
sementes: a do amor, humildade,harmonia, gratidão, confiança e fraternidade; então,
nosso mundo será um grande jardim
cheio de rosas e beija-flores...
Baci da Mamma