Futebol e religião A Nova cara da Seleção Brasileira
Futebol e religião A Nova cara da Seleção Brasileira
O velho dito popular de que futebol, religião e política não se discutem parece cada vez mais cair por terra vendo os atuais jogos da seleção brasileira.
De início tímido ainda nos anos 90 encabeçado por jogadores como Muller (hoje pastor), o movimento Atletas de Cristo ganha cada vez mais expressão, culminando com as manifestações religiosas públicas dos jogadores da seleção brasileira de futebol que, na final da copa das confederações no dia de ontem (28/06) ao término do jogo reuniram-se em círculo ajoelhados no meio de campo para rezar e agradecer à Deus pela conquista e pela manifestação de devoção do capitão da seleção dedicando o gol da vitória à Deus.
Formado em sua maioria por jogadores cultos, instruídos e bem articulados como Kaká, que se distanciam em muito da imagem fanfarrona e alienada preconceituosamente ligada aos jogadores de futebol, estes jogadores demonstram com seu profissionalismo, dedicação e conduta dentro e fora de campo que uma postura religiosa, mesmo rígida e disciplinada não é sinônimo de ignorância e fanatismo.
Digo isso porque, se ao invés da seleção brasileira no jogo de ontem rezando em agradecimento e reforço da união da equipe, tivéssemos em campo uma seleção do Oriente Médio, sem pestanejar, estariam sendo bombardeados com rótulos obtusos como “fundamentalistas” , “extremistas” e “radicais”.
A nossa imensa dificuldade em lidar e aceitar o outro como é, em grande parte estimulada e reforçada por uma mídia interesseira em atendimento à interesses econômicos de conglomerados, tem nos induzido ao ódio, à separação e a violência cuja significação real não existe e, muitas vezes, contraria justamente os ditames nos quais se esconde como a liberdade e a democracia.
Recentemente vimos eleições no Irã, país em conflito com os interesses hegemônicos estadunidenses, onde claramente, (assim como aconteceu com Hugo Chaves na tentativa de golpe em 2002) há uma manipulação da mídia internacional contra uma eleição democrática onde a maioria optou pela permanência do atual presidente Ahminejad.
Ou seja, a idéia é: o povo pode escolher quem quiser desde que escolham quem nos interessa, algo como sentenciou o estadunidense Henry Ford há décadas atrás: “-Você pode escolher qualquer cor, desde que seja preto”.
A questão é: Até quando aceitaremos essas imposições veladas do que é certo, de como devemos viver nossas vidas e de quem deseja viver diferente é errado, bárbaro, burro e está condenado ao fracasso? Se esse modo de vida é tão bom, porque então tanto medo do diferente? Por que rotular povos e pessoas que pensam diferente e massacrá-los par a impor nosso conceito de liberdade?
O que a seleção nos revelou com sua atitude de união, força e sabedoria é que religião, futebol, política e as diferenças podem muito bem conviver juntas e ter sucesso. Quando se acredita em algo, e não se deixa influenciar pelo interesse de terceiros,a gente ganha de virada.
Franklin Maciel
Cientista Social e poeta
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