Cobras sempre serão cobras

Cobras sempre serão cobras

Quando estamos vulneráveis, as cobras se aproximam, se insinuam e, sem dar por si, tornam-se nossas confidentes.

Carentes, adoecidos, não atentamos para sua natureza letal, parecem coelhinhos inofensivos, mas seu veneno vai matando devagarinho, distorcendo nossos olhos e sentimentos.

De repente tudo muda, príncipes viram sapos e sapos viram príncipes, porque sapos alimentam serpentes e seduzida por sapos, sapo você se torna e num só golpe é engolido pela serpente.

Tudo em que acreditamos e amamos passa agora pelo filtro amargo da dúvida, da desconfiança. A vida perde a cor, tudo cheira conspiração e as cobras sempre lá, prontas prum abraço que sufoca, que corta a divina respiração e, e sem oxigênio, enchemos de ódio e rancor nosso coração, até que ele seque e sejamos pra sempre escravos da serpente.

Pra romper esse feitiço, só o verdadeiro amor.

O verdadeiro amor é luz, luz que revela as escamas por baixo da voz macia, luz que mostra a língua dividida das cobras e que bane tudo que rasteja de volta a escuridão.

Sob a luz do amor, você enxerga a real natureza do príncipe tornado sapo e dá-lhe o beijo que restaura a alegria e a felicidade.

Franklin Maciel