Até a Vitória!!!
Até a vitória
* Franklin Maciel
Até quando suportar essa vida de barata
Correndo tonta e alucinada
Pra todo quanto é lado
Sobrevivendo de restos
E de tudo que não presta
E temendo, a todo instante
Ser pisada?
Até quando trabalhar feito burro de carga
Se pra nós nada sobra além do pasto
Existindo só para puxar a carroça e a charrete
Onde quem estala o chicote
Passeia esbanjando o resultado do nosso esforço?
A vida é bem maior que os horizontes do holerith
A vida é bem maior que os limites da nossa janela
A vida é bem maior que os humores do mercado
Que só se anima quando nos têm esfolado
Tirando até o último troco, o último centavo, a última dignidade
A última fronteira
A esperança é um prato num retrato enchendo nossa barriga de ilusão
E temos fome agora!
Fome de comida, fome de justiça, fome de igualdade
Fome de liberdade, fome de ser
Troco todos os discursos por um passo decidido e um punho resoluto
É hora do troco, de arrancar nem que seja a fórceps
A vida que nos é tirada de gota em gota
Enquanto houver miséria que haja luta
Enquanto houver quem explore que haja luta
E que ninguém descanse até que haja justiça nesta terra
Chega de servir à regras injustas!
Chega de baixar à cabeça para essa gente intolerante e cruel
Que nos impõe como viver e morrer
Através da força, da intimidação, do dinheiro
Gente tacanha e sem luz própria
Que confunde orgasmo com peido
Não precisamos de salvadores anônimos
Nem de matilhas de puxa-sacos
Que nos lambem enquanto ladram e mordem pelas costas
Precisamos de heróis que tenham cara e coragem
Heróis que não se curvem, que dêem a cara pra bater
Que ofereçam à outra face até que esfolem a mão
Mas que não se submetam!
Resistir, resistir
Até que a injustiça seja tão clara e visível
Que não dê mais para esconder atrás de risinhos sem caráter
Nem regulamentos e normas injustas
Mostrando sua cara aviltante e desprezível
Até que tenhamos força para conter os golpes
Despedaçando o tapa opressor e seus anéis de doutor
De merda nenhuma
E chegado esse dia
Já não precisaremos de heróis nem sacrifícios voluntários
Não precisaremos mais correr assustados
Sobre a sombra de chinelos intimidadores
Nesse dia,
Cairão os grilhões do medo
As mordaças que nos calam
E entoaremos nosso hino de vitória
Com o coração livre e pulsante de amor
E como pródigos filhos voltaremos para casa
Reconciliados aos braços generosos
Da mãe terra que pacientemente nos espera.
Franklin Maciel
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