MST, Daniel Dantas e a Tevê, de que lado da cerca você está?

MST, Daniel Dantas e a Tevê, de que lado da cerca você está?


Troca de tiros entre jagunços do Daniel Dantas e membros do MST (Movimento dos Sem Terra), é assim que começa meu café da manhã.

No meio da cerca e do conflito entre classes (que insistem em nos convencer que é fruto da nossa imaginação), a imprensa é usada, segundo suas próprias palavras, como escudos humanos, afim de pretensamente defender a vida de cidadãos que por não terem posses ou grana serão sempre anônimos para a televisão.


Em discussão, como diria irado o comentarista barbudo, mas não comunista, da rede globo de televisão, interpretações da constituição: Os sem terra alegando o uso social da terra e os proprietários, entre eles o banqueiro Daniel Dantas, (o mesmo que não tinha dinheiro mas comprou do governo de FHC as empresas estatais de telecomunicação à preço de banana com dinheiro emprestado da nação, como uma ajudinha do governo através do BNDES), cobrando seu direito à propriedade garantido pela constituição.


Em meio ao tiroteio jurídico, ideológico e literal, onde a globo mais uma vez defendeu escancaradamente o direito à propriedade acima dos direitos de todo cidadão entre eles, o direito à vida, a primeira coisa que me veio à cabeça foi o velho ditado:”Ladrão que rouba ladrão...”


Mas não, neste país onde as leis são feitas para legalizar injustiças, desde que você tenha posses e um batalhão de advogados e lobistas à sua disposição, não importa muita a origem da propriedade, você tem sempre razão.


O mais irônico da história era ver que o comentarista Garcia reclamava não da violência em si, do uso de armas, do desrespeito à vida por ambos os lados, mas da ausência do Estado em usar sua força e suas armas para defender a propriedade do sr. Daniel Dantas comprada com o trabalho suado do povo e não dele, omissão esta que fazia este “santo” arcar com os custos de jagunços armados contra gente que quer direito à terra e trabalho como qualquer brasileiro.


Mas o Estado não foi criado para defender o cidadão? Por que então sempre defende a propriedade nem que pra isso mate o cidadão, justo o cidadão, que o mantem através da força de seu trabalho?


Talvez porque em nossa sociedade de consumo só seja cidadão quem consome e pobre e sem terra neste caso, aos olhos da televisão não sejam cidadãos, mas não criamos um Brasil para atender aos interesses da televisão, mas para atender aos interesses de toda a nação, um Brasil de todos os brasileiros, seja rico ou não.


Deus quando criou esse mundo não passou procuração nem certificado à ninguém pra que se proclamasse seu dono. Mas porque permitimos calados que alguns se julguem donos, mesmo que isso seja uma grande ilusão (vá a qualquer cemitério e veja quantos proprietários lá estão) nosso mundo é cada vez mais injusto, desigual e profundamente comprometido com danos ambientais e o que fazemos? Nada, sempre mudos enquanto a corda não estoura na nossa mão.


Vulgarizados, banalizados pela violência diária na televisão, nunca fazemos nada, nunca tomamos lado, passamos ao largo das pessoas jogadas pela calçada reclamando que a culpa é do Estado, atravessamos a rua quando alguém diferente vem na nossa direção, em suma, estamos sempre fugindo, mas não dá pra fugir a vida inteira.


Estou cansado. Cansado de ver tantos movimentos sem: Sem teto, sem terra, sem camisa, sem nada, nunca darem em nada, em verem as pessoas SEM sempre sendo maltratadas, por isso está na hora de criarmos um Movimento COM.


MOVIMENTOS dos COM HUMANIDADE, feito por gente que já cansou de esperar que partidos, governos, ongs, qualquer instituição resolva alguma coisa.

Esta na hora de fazermos a nossa parte, se eles não fazem, então protestemos com humanidade, solidariedade. Sem quaisquer bandeiras, instituições, igrejas por trás. Gente que não se curva à leis injustas, que não faz o jogo sujo só porque todos fazem, que faz o que é certo ao invés de atender às convenções sociais.


Comece já. De que lado da cerca você quer estar? MCH


Franklin Maciel

Comentários