Mulher denuncia a filha por tráfico de drogas
Foto: Curso sobre violência e drogas entre adolescentes
Quinta-feira, 26 de Junho de 2008
Mulher denuncia a filha por tráfico
Comerciante acha crack e cocaína na mochila da menor de 15 anos e leva o caso até a polícia em Ilhabela
Uma comerciante de 36 anos denunciou a própria filha de 15 anos à polícia depois que encontrou drogas dentro da mochila escolar da adolescente no bairro Barra Velha, em Ilhabela.
O caso ocorreu anteontem e a Polícia Civil investiga a hipótese de a adolescente envolver pelo menos outros quatro menores no esquema de tráfico na cidade.
Desconfiada da filha, a comerciante achou 83 papelotes de cocaína e 64 pedras de crack na mochila da menor, além de um bilhete da direção da escola alertando sobre a frequência irregular da adolescente às aulas.
Segundo a polícia, ao encontrar a droga, a mãe teria se desesperado e procurado a direção da Escola Estadual Professora Maria Gemma de Souza Oliveira, também no bairro Barra Velha, em companhia da filha.
"A mãe veio nos procurar e, por coincidência, o zelador da escola é policial militar. O caso acabou assim sendo levado à delegacia", afirmou Carmen Seibel, diretora da escola.
CADERNETA - O delegado de Ilhabela, José Luiz Tibiriçá, disse que foi encontrado com a adolescente uma caderneta com nomes de outros menores. Segundo ele, a cada 16 pedras de crack vendidas, a menor receberia R$ 50.
"Conseguimos chegar ao traficante que passava a droga para ela e outros nomes de menores que serviriam como "aviões" (que repassam a droga) para a adolescente", afirmou o delegado.
O traficante C.T.S., 37 anos, foi preso em flagrante por tráfico qualificado --que envolve a participação de menores. Ele teve prisão temporária de 30 dias decretada pela Justiça e foi encaminhado à Cadeia Pública de Caraguatatuba.
Já a menor, segundo o delegado, ficou sob responsabilidade da mãe e está à disposição da Vara da Infância e Juventude. "Não temos informações se ela vendia drogas dentro da escola", disse o delegado.
SURPRESA - Tibiriçá afirmou que o envolvimento da menor com drogas teria sido uma surpresa para a mãe. A comerciante não foi localizada ontem pelo valeparaibano para comentar o assunto.
"É uma mãe trabalhadora, que passou a desconfiar da filha só depois que o C.T.S. começou a frequentar o bar da família, onde a filha trabalhava com a mãe", disse o delegado.
Ontem, ele elogiou a atitude da mãe em relação à denúncia. "É louvável a atitude dessa mãe. O pais devem ficar atentos aos filhos e, se preciso, procurar ajuda", disse.
A utilização de menores pelo tráfico já virou prática comum no Litoral Norte, segundo o delegado da Seccional de São Sebastião, Múcio Mattos Monteiro de Alvarenga (leia texto nesta página).
REAÇÃO - Carmem Seibel, diretora da escola onde estuda a menor, afirmou que desconhecia o envolvimento da aluna com o tráfico de drogas. A estudante está matriculada no período noturno.
"É uma menina aparentemente sossegada, mas que apresentava frequência quase zero na escola desde o início do ano. Já havíamos tentado avisar a mãe, que inclusive não apareceu na última reunião. Foi uma 'bomba' para nós", disse.
No entanto, segundo a diretora, não havia indícios de envolvimento da aluna com drogas dentro da escola. "Nunca percebemos nenhum tipo de envolvimento dela com drogas ou qualquer comportamento estranho".
A escola, segundo ela, desenvolve um programa de monitoramento junto aos alunos e não há problemas com drogas dentro do colégio. "Posso afirmar que não temos esse tipo de problema aqui dentro. Se ela repassava drogas, tenho certeza absoluta que era fora da escola", afirmou.
Menores são recrutados por bandidos
O delegado da Seccional de São Sebastião, Múcio Mattos Monteiro de Alvarenga, disse que o recrutamento de menores pelo tráfico de drogas é comum e todo o país.
"O diferencial do Litoral Norte, é que como as comarcas são pequenas, ainda é possível acompanhar melhor a participação desses menores neste tipo de crime", disse.
De acordo com o delegado da Polícia Civil de Ilhabela, José Luiz Tibiriçá, traficantes se utilizam da participação de menores justamente pelo tipo de penalidade. "O menor não vai para a cadeia, o que é interessante para o traficante", disse.
Para Tibiriçá, o caso da adolescente de 15 anos chamou a atenção por ser atípico. "Uma menina que não aparenta este tipo de envolvimento com o crime", afirmou.
ALERTA - De acordo com delegado, ela teria confessado que entrou para o esquema visando o dinheiro. "Ela ganhava R$ 50 para cada 16 pedras de crack repassada", disse.
O delegado indicou o "diálogo" como ferramenta de aproximação entre pais e filhos. "Os pais devem estar sempre de olho nos filhos, principalmente adolescentes. Diante de qualquer comportamento estranho, já é motivo para procurar saber se há algo errado".
Quinta-feira, 26 de Junho de 2008
Atitude demonstra desespero da mãe
Especialistas consultados pelo valeparaibano afirmaram que a atitude da em mãe em denunciar a própria filha à polícia por envolvimento com o tráfico de drogas nasce do desespero. Seria uma última tentativa de tirar a filha do mundo do crime.
"Pais que tomam essa atitude é porque não encontraram outros recursos para resolver o problema. Geralmente, são casos em que já perderam a autoridade", avaliou a psicóloga Patricia Minari, gerente do Caps-Ad (Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas), ligado à Secretaria de Saúde de São José.
Para o presidente do Comad (Conselho Municipal Antidrogas) de São José, Franklin Maciel, a banalização das relações familiares também tem influência na decisão de uma mãe denunciar a filha à polícia.
"Com as famílias desestruturadas, os pais demonstram incapacidade em lidar com a questão das drogas. Por outro lado, a falta de perspectiva de vida leva cada vez mais jovens ao tráfico", afirmou.
O comandante do CPI-1 (Comando de Policiamento do Interior), coronel Sérgio Teixeira Alves, ressaltou a importância de prevenir o problema, não deixando a situação chegar ao ponto da necessidade da intervenção da polícia.
Por outro lado, ele destacou a confiança na mãe no trabalho da Polícia Militar. "É importante confiar no trabalho da polícia no combate às drogas".
Quinta-feira, 26 de Junho de 2008
Rapaz vai para cadeia por tráfico em Caraguá
Um rapaz de 21 anos foi preso na madrugada de ontem acusado de tráfico de drogas no bairro Olaria, em Caraguatatuba. A polícia chegou na casa do suspeito às 4h45, onde foram encontrados 11 papelotes de cocaína e 17 pedras de crack. O suspeito foi levado para a Cadeia Pública de Caraguatatuba e depois será transferido para o CDP (Centro de Detenção Provisória) de Mogi das Cruzes, onde vai aguardar pronunciamento da Justiça. A transferência seria feita ainda ontem se a unidade prisional tivesse vaga.
Fonte: jornal valeparaibano
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