Pecuária de corte: qual é o potencial brasileiro?
Pecuária de corte: qual é o potencial brasileiro?
A discussão em relação à produção de etanol, ao avanço da cana e seus impactos na produção de alimentos, entre eles carne bovina, está ganhando força. A Scot Consultoria informa que atendeu, terça-feira (22/04) jornalistas, bancos e fundos de investimento interessados em obter mais informações a esse respeito.
Entre tantas coisas que foram discutidas, os analistas destacam um ponto essencial: o potencial brasileiro para a produção de carne bovina: o país tem área de sobra (ainda existem cerca de 80 milhões de hectares para serem abertos, sem considerar a Amazônia, fora os 40 a 50 milhões de hectares de pastagens extremamente degradados, ou seja, subutilizados) , água, luz, temperatura adequada para a produção forrageira e muita tecnologia para ser incorporada.
Há mais de 15 anos a Scot Consultoria avalia os resultados técnicos e econômicos de empresa rurais em todo o Brasil. "Num estudo coordenado pelo engenheiro agrônomo Maurício Palma Nogueira, resolvemos buscar qual a melhor fazenda de pecuária, em termos de produtividade, já avaliada por nós. Aí fizemos uma média da produtividade das demais, e constatamos que ela equivalia a 33% da produtividade da melhor", comentam.
"Quando o mesmo estudo foi feito com fazendas de agricultura (soja, milho e cana), constatamos que as produtividades médias das fazendas equivaliam a cerca de 80% da média das melhores, ou seja, a agricultura está muito mais adiantada no processo de incorporação de tecnologia. As médias são muito boas. No caso da pecuária, apesar do estupendo avanço dos últimos anos, ainda há um espaço enorme para ser percorrido", avaliam.
Numa simulação: supondo que o rebanho bovino brasileiro, em 2007, tenha ficado em 201 milhões de cabeças (dependendo da fonte encontra-se 169 a 210 milhões de cabeças), com uma taxa de lotação média de 0,8 UA/ha (uma unidade animal equivale a 450 kg de peso vivo). Se a pecuária nacional incorporar tecnologia a ponto de trabalhar com 1,2 UA/ha (e não é preciso muito para se chegar a essa média), nossa área de pastagem atual (algo em torno de 176,46 milhões de ha, de acordo com estimativas da Scot) suportaria um rebanho de 301,50 milhões de cabeças.
Continuando a simulação, com taxa de lotação média de 4 UA/ha, o rebanho bovino brasileiro poderia ser de 1,02 bilhão de cabeças. Para se ter uma idéia, o rebanho mundial, de acordo com USDA (Departamento de Agricultura dos EUA), não chega a 1,01 bilhão de cabeças, contam os analistas.
Mas de acordo com a FAO (órgão das Nações Unidas para questões de agricultura e alimentação), o rebanho mundial é de pouco mais de 1,3 bilhão de cabeças, número que o Brasil suplantaria facilmente com uma taxa de lotação média de 6 UA/ha.
Conclusão dos analistas: "Existe tecnologia disponível para tamanha produtividade? Sim, existe. Logicamente que, se o Brasil fosse tão eficiente, não haveria, hoje, onde colocar tanta carne. Mas a simulação serve apenas para ilustrar o potencial de produção do país", destacam. "Apenas com incorporação de tecnologia é possível colocar todo o rebanho bovino do mundo, dentro do Brasil, sem aumentar a área de pastagem. Em outras palavras, a pecuária ainda pode crescer demais, mesmo perdendo área. Deixemos a cana avançar. Mediante resultados positivos, a pecuária brasileira continuará a se expandir, exceção a alguns períodos de ajuste produtivo (como o atual), que são naturais e cíclicos", afirmam os analistas.
O avanço da cana e de outras culturas, sobre a pecuária, tem impactos regionais. Em “termos de Brasil”, os rearranjos produtivos, a incorporação de tecnologia e a migração da atividade para as regiões de fronteira agrícola garantem a produção de carne bovina, esclarecem.
Fonte e informações adicionais: www.scotconsultoria .com.br
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