A GLOBALIZAÇÃO DA INTOLERÂNCIA
* Franklin Maciel
Recebi dia desses um daqueles famosos pps que entopem nossas caixas de e-mail que mostrava a cena de um menino duns 10 anos que depois de supostamente ter roubado um pedaço de pão para comer foi condenado pelas leis islâmicas à ter seu braço esmagado sobre as rodas de um carro. Uma cena que, choca, afronta, indigna, entretanto, o mais revoltante e que amiúde passa desapercebida é a tentativa torpe daqueles que produziram a mensagem é aproveitar a indignação causada por um ato isolado para associar toda espécie de ataques ao mundo árabe e ao islamismo, incitando o ódio e a intolerância devidamente camuflados sobre uma sentimento de justiça.
Condenar uma religião e um povo à partir de atos radicais de membros obtusos dentre as mesmas, é tão ou mais brutal quanto o ato praticado, pois se um condena e agride um indivíduo, o outro espalha o ódio e sentimento de revide à todo um segmento social que, ao final, acabam por justificar novas atrocidades. Coisas assim vão gerando em nós, sem que percebamos não só a intolerância ao outro como preconceito. Quem já não se viu atravessando a rua, por exemplo, quando viu-se de encontro à um garoto de periferia com boné, calças largas e camisa jogada por sobre a calça? Quem já não se pegou ante um noticiário de tevê vendo as atrocidades cometidas em rebeliões de presídios e pensou que bandido tem mais é que morrer mesmo? Será que não estamos sendo tão banais perante à vida humana como aqueles aos quais rechaçamos? Será que ao estigmatizarmos alguns segmentos sociais, não criamos nos mesmos um sentimento de repulsa e ódio contra nós em igual ou maior proporção? Se somos treinados pra achar que todo árabe é um genocida como o Bin Laden, será que os árabes também não devem achar que somos assassinos e intolerantes como o Bush? Quem é o inimigo, quem é você?
Olhamos muitas vezes os excessos cometidos em outras culturas e esquecemos de ver os nossos. Condenamos os métodos extremistas de condenação como na cultura árabe por ex., e apregoamos no senso comum que “bandido tem mais é que morrer mesmo”; condenamos o sistema de castas na Índia e convivemos naturalmente numa das maiores desigualdades sociais do planeta como se não fosse conosco. É a lei do cisco no olho do vizinho e trave no nosso olho!
É preciso que cada homem e mulher tenha consciência de seu papel no mundo e assuma as responsabilidades que lhes compete. Ninguém é uma ilha e estamos todos interconectados de uma forma ou de outra, de modo que qualquer distorção em uma das pontas refletirá na outra. É esse fechar de olhos para essas distorções que tem provocado o desencadear de tanta violência, corrupção e intolerância mundo afora. É preciso uma consciência do todo, que começa em coisas simples como não receber favores pessoais para cumprir sua função, não desviar o bem público para si mesmo, pois vai faltar no todo, pois aquele garoto e aquela garota que hoje é negligenciado pode ser o seu assassino de amanhã, pois tivemos, cada um, parte atuante para sua má formação de caráter.
* Franklin Maciel
Recebi dia desses um daqueles famosos pps que entopem nossas caixas de e-mail que mostrava a cena de um menino duns 10 anos que depois de supostamente ter roubado um pedaço de pão para comer foi condenado pelas leis islâmicas à ter seu braço esmagado sobre as rodas de um carro. Uma cena que, choca, afronta, indigna, entretanto, o mais revoltante e que amiúde passa desapercebida é a tentativa torpe daqueles que produziram a mensagem é aproveitar a indignação causada por um ato isolado para associar toda espécie de ataques ao mundo árabe e ao islamismo, incitando o ódio e a intolerância devidamente camuflados sobre uma sentimento de justiça.
Condenar uma religião e um povo à partir de atos radicais de membros obtusos dentre as mesmas, é tão ou mais brutal quanto o ato praticado, pois se um condena e agride um indivíduo, o outro espalha o ódio e sentimento de revide à todo um segmento social que, ao final, acabam por justificar novas atrocidades. Coisas assim vão gerando em nós, sem que percebamos não só a intolerância ao outro como preconceito. Quem já não se viu atravessando a rua, por exemplo, quando viu-se de encontro à um garoto de periferia com boné, calças largas e camisa jogada por sobre a calça? Quem já não se pegou ante um noticiário de tevê vendo as atrocidades cometidas em rebeliões de presídios e pensou que bandido tem mais é que morrer mesmo? Será que não estamos sendo tão banais perante à vida humana como aqueles aos quais rechaçamos? Será que ao estigmatizarmos alguns segmentos sociais, não criamos nos mesmos um sentimento de repulsa e ódio contra nós em igual ou maior proporção? Se somos treinados pra achar que todo árabe é um genocida como o Bin Laden, será que os árabes também não devem achar que somos assassinos e intolerantes como o Bush? Quem é o inimigo, quem é você?
Olhamos muitas vezes os excessos cometidos em outras culturas e esquecemos de ver os nossos. Condenamos os métodos extremistas de condenação como na cultura árabe por ex., e apregoamos no senso comum que “bandido tem mais é que morrer mesmo”; condenamos o sistema de castas na Índia e convivemos naturalmente numa das maiores desigualdades sociais do planeta como se não fosse conosco. É a lei do cisco no olho do vizinho e trave no nosso olho!
É preciso que cada homem e mulher tenha consciência de seu papel no mundo e assuma as responsabilidades que lhes compete. Ninguém é uma ilha e estamos todos interconectados de uma forma ou de outra, de modo que qualquer distorção em uma das pontas refletirá na outra. É esse fechar de olhos para essas distorções que tem provocado o desencadear de tanta violência, corrupção e intolerância mundo afora. É preciso uma consciência do todo, que começa em coisas simples como não receber favores pessoais para cumprir sua função, não desviar o bem público para si mesmo, pois vai faltar no todo, pois aquele garoto e aquela garota que hoje é negligenciado pode ser o seu assassino de amanhã, pois tivemos, cada um, parte atuante para sua má formação de caráter.
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Elizabeth