O passarinho mudo, a calopsita e a caixinha de música


O passarinho mudo, a calopsita e a caixinha de música


Era uma vez linda calopsita que se apaixonou por um passarinho mudo.

O passarinho a amava muito mas por ser mudo não conseguia cantar para ela todo amor que por ela sentia, então teve a idéia de presenteá-la com uma caixinha de música.


A calopsita ficou tão feliz com o presente, que dentro da delicada caixinha colocou com todo cuidado do mundo todos os seus sonhos e carinho e os deixou sob a guarda do passarinho como prova de seu amor, para que todas as noites pudessem juntos ouvir sua doce melodia.


O passarinho, de posse de tão valioso tesouro procurou o lugar mais seguro que conhecia para guardar a caixinha enquanto a noite não chegava para estar com seu amor, porém, não contava o pobre passarinho que um gato o espreitava e assim que o viu distraído, deu-lhe um bote que fez voar para longe a caixinha espatifando-a em pedaços pelo chão.


O passarinho sem importar-se com a diferença de tamanho entre ele e o gato lutou com todas as suas forças com o mesmo que acabou saindo correndo pelos telhados das casas.


Exausto, todo esfolado, o passarinho foi até o que sobrou da caixinha e tentou à todo custo consertar o estrago, mas o mal estava feito e a caixinha nunca mais tocou qualquer canção.


Quando a calopsita chegou para ouvir com seu amor a música, viu a caixinha toda em pedaços e ficou profundamente magoada e decepcionada com o passarinho, não dando qualquer oportunidade ao mesmo para se explicar por mais que este se esforçasse com todos os gestos possíveis, ela só via naqueles pedaços todos, o descaso e o desrespeito do passarinho para com seus sonhos e assim, sem olhar para trás, juntou todos os pedaços da caixinha arruinada e nunca mais aceitou olhar para o passarinho.


O passarinho mudo, triste de dar pena, subiu no galho mais alto da árvore mais alta e começou a chorar copiosamente, até que, entre soluços, cantou.

E sem que percebesse, as lágrimas foram sendo substituídas por notas e mais notas na mais linda melodia de amor que já se ouviu.


O passarinho então encheu-se de coragem e saiu voando como um louco até a calopsita para cantar para ela todo o amor que por ela sentia e que tinha guardado em seu peito todo aquele tempo mas ao chegar até ela, esta nem sequer lhe deu atenção, obcecada que estava em olhar para os cacos da caixinha de música.


O passarinho fez de tudo e nada, a calopsita não mexia um músculo em sua direção, voltando toda a sua atenção ao que sobrou da caixinha como se esperasse daqueles pedaços um milagre, numa melancolia de cortar o coração.


Foi então que o passarinho, triste ao ver sua amada calopsita daquele jeito, resolveu aprender a cantar a canção da caixinha e, todas as noites, escondido na copa das árvores sem que ela o visse, cantava para ela a canção da caixinha.


Noite após noite, mês após mês, fizesse frio ou chuva, lá estava o passarinho escondido entre as ramagens cantando seu amor para a sua calopsita que, ao ouvir a canção, olhava para a caixinha renovando suas esperanças e a vontade de viver.

E assim foi durante todo um ano, até que numa noite, numa tempestade daquelas, o intrépido passarinho cantor enquanto cantava com toda a sua força e vigor, foi atingido por um raio e caiu no chão.


A calopsita estranhou que a música tivesse parado, deu cordas no que sobrou da caixinha e nada, porém como era tarde da noite, resolveu ir dormir.


Acordou de manhãzinha com um zum zum zum à sua porta.

Levantou-se e vendo uma pequena multidão que se aglomerava bem próxima, curiosa, resolveu ir lá conferir o que estava acontecendo.


Lá chegando, a multidão em torno do fatídico acontecimento era tão grande que não conseguia chegar perto para ver o que estava acontecendo, então perguntou à uma coruja o que ali ocorria.


Disse-lhe a coruja: - Aquele pobre passarinho que todas as noites vinha cantar para o seu amor nas copas daquela árvore, acabou, por infelicidade do destino, sendo atingido por um raio na tempestade da noite passada e lá está caído agonizante no chão.


Calopsita: - Como assim um passarinho que cantava todas as noites?


Coruja: - Ora, não sabia? Toda a floresta conhece a história do passarinho mudo que aprendeu a cantar para alegrer em segredo a sua amada.


A calopista então enfiou-se pela multidão até chegar ao passarinho que, para seu espanto e horror, era o seu amado passarinho mudo, então descobriu que aquele tempo todo, era ele quem cantava para ela afim de espantar sua tristeza.


Com os olhos naufragados em lágrimas, a calopsita desesperada fez de tudo para reanimá-lo e nada, o passarinho nem se mexia. Já tinha perdido as esperanças, até que um pomba que aquela triste cena assistia lhe disse: - Cante para ele!


  • Mas que música cantar?, disse a calopsita. E disse-lhe a pomba: - Você sabe o que ele precisa ouvir, cante com seu coração.

E assim, a calopsita cantou o seu perdão e o seu amor ao passarinho.


Ao terminar sua canção, como por milagre, o passarinho foi recobrando a consciência, olhou para ela e sorriu. A calopsita então, deu-lhe um beijo apaixonado e nunca mais precisaram guardar seus sonhos em caixinhas pois estes agora são guardados num lugar mais seguro e inquebrantável, seus corações apaixonados.


Franklin Maciel


Comentários

Pois bem meu amigo, que bela fábula, gostei, gostei..

Abração e ótima canção pra essa noite!

Valeu!
Anónimo disse…
Muito lindo, até chorei. Manda esse passarinho cantar para mim Beijos
Bianca
Unknown disse…
Adorei... queria ter um "passarinho" assim...
bjus
Anónimo disse…
Cara estou chorando ate agora que historia mais linda Manda esse passarinho cantar la em casa

Vitória
Monique Estevam disse…
Sim.... Eh uma bela hstória... Quem dera todo o sofrimento terminasse assim, com o aconchego, o perdão e amor do outro, não é?!?!?!?!