A Maldição da Tartaruga



A Maldição da Tartaruga
*Franklin Maciel

É lugar comum evocar a fábula da tartaruga e da lebre como exemplo de perseverança, determinação como caminhos seguros e certos para a vitória.


E cultivamos tanto este exemplo que acabamos por deixar de lado justamente o mérito, o objetivo da disputa, no caso da fábula, a velocidade.


Mesmo tendo vencido a corrida, por mais que reconheçamos o mérito do esforço da tartaruga, ela nunca será mais rápida que a lebre. O problema é que ficamos tão enternecidos como o esforço da tartaruga que esquecemos o objetivo real (avaliar a velocidade) e acabamos por premiar tartarugas para lugares e posições as quais não demonstram a menor habilidade ou competência.


Pessoas sem o menor tino e capacidade são todos os dias elevadas à postos chaves não por serem as mais preparadas, mas por serem “esforçadas”, por nunca tomarem partido, por nunca se indisporem, simplesmente por estarem presentes quando as coisas estão acontecendo.

O resultado trágico disso é uma sociedade toda estagnada, amarrada, arrastada, movendo-se na cadência das tartarugas.


Assim, se desejamos uma sociedade dinâmica, justa onde as transformações necessárias realmente aconteçam, devemos começar à “dar à César o que é de César”, reconhecendo as pessoas por seus méritos e não por sua persistência. Assim na hora de correr, corramos com a lebre, para as tartarugas reservemos a paciência ná que gostam tanto de esperar.


Josias Franklin Maciel
Cientista Social e escritor

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