Imigrações: Yes, nós temos bananas!

Imigrações: Yes, nós temos bananas!

* Dedicado à Jean Charles, brasileiro assassinado por “engano” pelos ingleses


A Europa e Japão exportaram os seus pobres pra nós

quando as coisas por lá apertaram

Desembaracaram entre ratos, doenças e cheios de fome de tudo

Pegaram na enxada, no arado

Substituíram os negros escravos

Mas eram brancos, boa parte, de olhos claros


Com o tempo

Os negros, também importados

Continuaram negros e ainda mais injustiçados

Já os amarelos e brancos que aqui aportaram fugidos da fome

Logo tiveram esse passado apagado

E agora, aos nossos olhos coloniais

Com seus sobrenomes complicados

Descendiam todos de nobres

E, como bons serviçais

Passamos à lhes devotar reverências


Hoje, eles entram e saem à vontade em nossa casa Brasil

tendo sempre um tapete vermelho estendido por onde passam

E, como no passado,

Levam nosso ouro e são festejados

Afinal descendemos de bárbaros

e eles são fidalgos


Já os nossos filhos, quando lá aportam

Entram escondidos pela escada de serviços

São nobres garçons, faxineiros, pedreiros

Gente do trabalho pesado, que faz o que ninguém faz


Limpam a bunda da América, Europa e Japão

Com orgulho servil


Sonham um dia voltar pra terrinha Brasil

Como lordes, estrangeiros novos

E ter sua bunda limpada por nosso povo

como limparam anos à fio o rabo estrangeiro


A nossa liberdade ainda é de boca

Muito falta pra deixar de ser colônia.

Yes, nós temos bananas!


Franklin Maciel







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