Infra-estrutura terá R$ 85 bi este ano

Infra-estrutura terá R$ 85 bi este ano
Volume de investimentos no setor começa a crescer e previsão é que chegue aos R$ 100 bilhões por ano em 2009

Renée Pereira

A retomada de megaempreendimentos no setor de infra-estrutura, praticamente abandonado nas últimas duas décadas, começa a mudar a cara do País. Desde o ano passado, com a melhora na economia doméstica, governo e iniciativa privada desengavetaram projetos importantes de transportes, energia e saneamento para captar a liquidez ainda existente no mundo. O resultado é que, pela primeira vez desde o milagre econômico, o Brasil conseguirá investir o que o setor necessita.

Segundo a Associação Brasileira de Infra-Estrutura e Indústrias de Base (Abdib), o volume de recursos injetados no setor deve ficar na casa dos R$ 85 bilhões neste ano, bem acima do verificado em períodos anteriores. O auge, porém, deve ser atingido em 2009, quando as decisões de agora começarem a maturar. A expectativa é que o setor receba os cerca de R$ 100 bilhões por ano necessários ao crescimento sustentável do País, diz o presidente da entidade, Paulo Godoy.

O desafio, segundo especialistas, é manter o ritmo de investimentos por anos seguidos. Só assim será possível eliminar gargalos de portos, rodovias, ferrovias, energia e saneamento. Não será uma tarefa fácil, especialmente depois de anos à margem dos investimentos e do acúmulo de problemas. Mas executivos de várias áreas da infra-estrutura estão otimistas.

"O Brasil está apenas começando a entrar num ciclo importante de projetos em várias áreas", disse o presidente do Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia (Sinaenco), José Roberto Bernasconi. Ele destaca que o volume de propostas para a realização de projetos triplicou em relação aos últimos três anos.

Um dos setores que deve atrair um volume expressivo de investimentos é o de energia. Segundo Godoy, as reservas anunciadas pela Petrobrás dão condição surpreendente para o País construir uma indústria forte de óleo e gás. Isso porque o aumento do volume de produção cria a necessidade de investimentos indiretos, o que pode dar origem aos clusters (grupos de empresas de atividades semelhantes) , afirma Godoy.

A área de energia elétrica não ficará para trás. Só com as usinas do Rio Madeira (Santo Antônio e Jirau), o setor receberá mais de R$ 17 bilhões, sem contar os investimentos de R$ 3,6 bilhões na linha de transmissão para trazer essa energia ao Centro-Sul do País. Para o ano que vem, o governo prevê leiloar outra hidrelétrica, Belo Monte, cujo investimento está calculado em US$ 3,6 bilhões.

"Estamos vivendo um bom momento de investimentos e já vemos alguns gargalos solucionados" , diz o diretor da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Saturnino Sérgio. Segundo ele, o Brasil tem capacidade para tornar-se uma grande potência energética, especialmente com a evolução do etanol nos últimos anos.

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