"Não estamos sós no mundo",
diz secretário nacional antidrogas, sobre consumo de cocaína



Da Redação

Consumo de drogas no Brasil. Levantamento divulgado nesta terça-feira pela ONU estima que o Brasil tenha 860 mil usuários de cocaína. Segundo o relatório anual do Escritório das Nações Unidas para Drogas e Crimes, 0,7% da população brasileira entre 15 e 64 anos utilizava cocaína em 2005.

Em entrevista ao UOL News, nesta terça-feira, o secretário nacional Antidrogas, Paulo Uchôa, disse que os números apresentados pelas Nações Unidas indicam que acontece no Brasil o mesmo que em outros lugares do mundo. Em comparação com a porcentagem da população brasileira usuária de cocaína, ele citou estatísticas do Reino Unido, 2,4%; EUA, 2,8% e Itália, 2,1%.

"Há o consumo, mas não estamos sós no mundo", afirmou. "Estamos tomando as nossas providências; o Brasil realmente tem um rumo a seguir neste caso."

O rumo, segundo o secretario, diz respeito à legislação nacional antidrogas, em vigor desde o ano passado, e que já apresenta dados "promissores" . Leis mais rigorosas com os traficantes e mais brandas com usuários e dependentes, que agora ao invés de cumprirem penas fechadas, têm alternativas para tratamento e recuperação.

"Ao mesmo tempo, estamos capacitando em nível nacional lideranças em diversas áreas - escolas, comunidades, sistema de saúde, empresas - para serem multiplicadoras de informações. Precisamos que o nosso jovem se informe e tenha conhecimento para tomar uma decisão madura a respeito do consumo de drogas. Este é o rumo", explicou.

Além disso, o secretário falou da importância do fortalecimento do sistema nacional de políticas públicas sobre drogas através do trabalho conjunto de conselhos sobre entorpecentes.

"É preciso lembrar que as prefeituras precisam ter seus conselhos municipais para que possam trabalhar conjuntamente com os conselhos estaduais e federais; todos precisam falar a mesma língua em benefício da preparação do jovem para a sua decisão com relação à droga."

O secretário nacional Antidrogas disse ainda que o Brasil é rota para o tráfico e lembrou que a posição geográfica do país facilita a entrada e a saída da drogas, porque faz fronteira com 3 dos maiores produtores de cocaína e maconha e tem um litoral de quase 8 mil quilômetros de extensão, de frente para continentes como África e Europa.

Rio de Janeiro

Para Uchôa, o Rio de Janeiro é um caso "especial", diferente de outras cidades também violentas, onde a droga está presente.

"O Rio de Janeiro é diferente porque tem uma topografia diferente, tem uma história diferente; para chegarmos ao ponto de hoje, para existirem aquelas fortalezas que existem por lá... Mas são problemas que os governos municipal, estadual e federal estão tratando de combater e equacionar."

O secretário, no entanto, não defendeu o uso do Exército para combater o tráfico.

"Não há necessidade e não é constitucional" , disse. "A Polícia Federal é responsável pela coordenação das atividades de redução da oferta e vem executando o seu trabalho. O Exercito apóia na parte de ações logísticas, ações de inteligência, mas o Exercito não pega em armas contra o trafico porque isto é proibido pela constituição."

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